Taco também se usa em Portugal com o sentido de dinheiro. O que é especial em Moçambique é o uso plural.
tando n. m. paisagem de mato aberto, com arbustos e árvores de pequeno porte
Contribuição de Maria João Couceiro, Cacém, Portugal. O dicionário Porto Editora online apresenta a palavra como moçambicanismo, mas com dois sentidos muito diversos do que aqui proponho: “acampamento” ou “lugar de encontro das pessoas”.
tanga n. f. Hist. oitavo de um matical [HM]
tatá, tàtá, tá‑tá? [tá‑tá] interj.? saudação de despedida, adeus (expressão inglesa)
taxeiro [tàcseiro] n. m. motorista de táxi, taxista
Trata-se de uma palavra usada em documentos e nomes oficiais, por exemplo, Associação de Transporte Colectivo de Passageiros, Taxeiros e Carrinhas da Beira.
tchecar, checar v. t. verificar, ver (do inglês check, “id”)
tchilar v. i. divertir-se, curtir; v. t. desfrutar, gozar, curtir (prov. do inglês chill, com o mesmo uso intransitivo em calão)
tchopar, txopar v. t. apedrejar com fisga (do changana (ku)tchopa)
Contribuição de Bela Meneses, Lisboa.
tchopelar, txopelar v.t. e i. pendurar-se num transporte em movimento; apanhar boleia (do ronga (ku)tsopela)
Contribuição de Bela Meneses, Lisboa.
tchova (xitaduma), txova (xitaduma) n. m. carrinho de mão de aluguer (expressão changana, “empurra que há-de pegar”, irónico)

tchova xitaduma
tchovar, txovar v. t. empurrar (do changana tchova, “id.”)
Segundo Pedro Langa, de Maputo, "tchovar começa a ter outros sentidos figurados, como levar uma vida difícil, mas sem por isso deixar de lutar". Em Moçambicanismos, Lopes, Sitoe e Nhamuende propõem o inglês shove como étimo da palavra changana.
tchunar, txunar v. i. vestir-se bem, arranjar-se; maquilhar-se v. t. lavar ou limpar bem, pôr a brilhar (um carro, por exemplo)
Moçambicanismos, de Lopes, Sitoe e Nahmuende, regista este moçambicanismo, dando como origem imediata do termo o changana kutichuna, por sua vez possivelmente derivado do inglês shine.
tchuna baby, txuna baby n. f. calça de rapariga, de cintura descida (de Tuna Baby ®?; de tchunar?)
tica s. f. Zool. arcaico? hiena (das línguas sena, ndau e nhúnguè)
A palavra, que encontrei em obras do séc XVII e XVIII (por exemplo, Memória sobre a costa da África, de António Pinto de Miranda, e Memórias de Sofala, de João Julião da Silva et al.) parece ter deixado de se usar no discurso em português.
timaca n. f. problema, confusão, briga, disputa, milando, maca [MC] (Ver milando para mais informação sobre a palavra)
timbila n. f. marimba (do ronga ou changana?, plural de mbila, “id.”)
timbilar v. i. tocar timbila [MC]
timbileiro n. m. tocador de timbila

timbileiros
time [taime] n. m. tempo, altura (“naquele time eu morava em Marromeu”) (palavra inglesa)
tíner n. m. diluente (do inglês thinner, “id.”)
Parece ser a palavra oficial. Vê-se, por exemplo, nas listas de material proibido de levar na bagagem, nos aeroportos. Uma pesquisa simples na Internet mostra que a palavra também se usa no português do Brasil. Não sei se terá sido importada do português brasileiro, ou se terá começado a ser utilizada aqui por influência do inglês circundante, sem influência directa do uso brasileiro.
tia n. f. (como vocativo) senhora, como tratamento de respeito, sobretudo de uma criança a uma adulta
Contribuição de Miguel, Maputo.
tio n. m. (como vocativo) senhor, como tratamento de respeito, sobretudo de uma criança a um adulto
Contribuição de Miguel, Maputo.
titchapau n. m. dinheiro, dough, tacos
Contribuição de Miguel e Soraia, Maputo.
tocossado n. m. modo de cozer alimentos com água, cebola, tomate e gordura, água-e-sal
tomatinho-preto n. m. planta, Solanum nigrum [CVP]
tonga adj. e n. membro de um grupo étnico de Inhambane; a sua língua; relacionado com este grupo étnico ou com a sua língua, bitonga
tontonto, tontonton n. m. bebida destilada, aguardente, catchaço
Há quem afirme que a palavra tem uma origem onomatopaica, do som de engolir um líquido. Moçambicanismos de Lopes, Sitoe e Nhamuende, embora concordando com a origem onomatopaica da palavra, dá uma explicação ligeiramente diferente: diz que se trata do “som da gota a cair do alambique”. Pedro Langa, de Maputo, considera que o termo “não provém apenas do som que a bebida produz ao cair do alambique, mas principalmente da forma como cai, em gotas”, uma vez que, em changana, gotejar é ku thona.
tossecar [tòssecar] v. t. e i. beber
trás n. m. espaço atrás (“está aí à tua trás”) (de trás, preposição, substantivado por analogia com frente)
É de notar que não se trata apenas de um barbarismo. Os falantes nativos do português usam as expressões “à minha trás”, “à sua trás”, etc., e surpreendem-se quando lhes dizemos que é estranha para quem não esteja habituado ao português de Moçambique.
trevo-falso n. m. tipo de ervas do género Oxalis, amendoim-do-corvo, amendoim-do-trevo, azedinha, erva-azeda [CVP]
tricofaite n. m. mistura de vinho branco com gasosa, o que se chamava em Portugal mistura branca ou branco com mistura
As definições variam. É sempre mistura de vinho branco, mas há quem diga que é com ginger ale ou limonada… Etimologia no mínimo misteriosa...
tsonga adj. e n. membro de um grupo étnico que inclui changanas, rongas e tsuas; relacionado com este grupo étnico ou com a sua língua
tsua adj. e n. membro de um grupo étnico de Inhambane; a sua língua; relacionado com este grupo étnico ou com a sua língua
tsunga n. f. tipo de legume, folha de nabo, nabiça, Brassica rapa
Só ouvi o termo em Chimoio, mas encontrei-o também num estudo sobre o distrito da Gorongosa. Não sei se será apenas um termo das línguas da família chona ou se se usa também noutras partes do país.
txopela, tchopela, ntxopelo n. m. triciclo motorizado táxi
Colaboração de Nuno Gonçalves, Copenhaga.
txote, tchote adj. e n. de pequena estatura, baixo, baixote
Colaboração de Miguel, Maputo. Miguel aventa a possibilidade de a palavra ter origem no inglês short, “curto; baixo”. Embora não consiga documentar esta etimologia, ela não me parece improvável. À eventual objecção de que short não explica o [t] inicial, poderá responder-se que essa prótese ocorre noutras palavras de origem inglesa, sobretudo, creio, quando passam por uma língua banta antes de chegar ao português, como no caso de tchovar e tchunar, cujos étimos últimos parecem ser, respectivamente, shove e shine.
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